Marcela Dantés: “ser finalista de prêmios literários, além de trazer mais leitores, traz oportunidades incríveis, como essa Viagem Literária!”

Marcela Dantés é mineira de Belo Horizonte, onde nasceu em 1986. Graduada em Publicidade e Propaganda, ela foi autora residente do Festival Literário Internacional de Óbidos, em Portugal. Sua coletânea de contos “Sobre pessoas normais” (Patuá) foi semifinalista do Prêmio Oceanos. Com os romances “Nem sinal de asas” (Patuá) e “João Maria Matilde” (Autêntica), foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura em 2021 e 2023.
Durante a 16ª edição do programa Viagem Literária: módulo Encontros com Escritores – Prêmio São Paulo de Literatura, Marcela cumpriu uma intensa agenda de encontros nas bibliotecas públicas de cidades do interior do estado de São Paulo – Mococa, Santa Cruz das Palmeiras, Porto Ferreira e Cordeirópolis -, entre os dias 1 e 4 de outubro.
Nesta entrevista, a autora comenta sobre a importância da participação de autores e autoras nos programas de incentivo à leitura: “Veja a lista de autores desse ano, que coisa linda: múltipla, com escritores e escritoras de diversos cantos do Brasil, de vários estilos, com os mais distintos públicos. É realmente encantador.”, afirmou Marcela.
Confira abaixo a entrevista na íntegra!
Como você avalia o impacto de programas de incentivo à leitura, como a Viagem Literária, na formação de novos leitores e no fomento à literatura?
Marcela: Estes programas são fundamentais. Me lembro da minha experiência pessoal, de ser apresentada a escritores na escola e entender a humanidade do ofício. Eram pessoas, pessoas de verdade, que escreviam livros. Isso dá uma nova dimensão à leitura, à descoberta da literatura, ao interesse pelos livros. Enquanto autora, esta é, sem dúvida, uma das partes que mais gosto do meu ofício: conversar com leitores, com futuros leitores, trabalhar intensamente para que os livros cheguem cada vez mais longe e encantem mais pessoas.
Você acredita que esses programas conseguem democratizar o acesso à literatura e promover uma maior diversidade de vozes no cenário literário?
Marcela: Sem dúvidas. Em um país como o nosso, em que a cultura quase nunca é uma prioridade e que o acesso aos livros pode ser tão difícil, um programa como o Viagem Literária tem de ser muito exaltado. Ele permite que os leitores conheçam novas vozes, favorece à difusão da literatura e incentiva o hábito de leitura em diversos espaços do país, começando pelas escolas, o que é essencial. Veja a lista de autores desse ano, que coisa linda: múltipla, com escritores e escritoras de diversos cantos do Brasil, de vários estilos, com os mais distintos públicos. É realmente encantador.
Na sua opinião, qual é o papel das premiações literárias na carreira de um escritor? Elas são determinantes para a visibilidade e sucesso na indústria editorial?
Marcela: Não diria que as premiações são determinantes, já que vários autores conseguem trilhar um caminho sólido e profícuo sem nunca terem sido premiados. Entretanto, não há dúvidas de que figurar nas listas de finalistas ou ser consagrado com um prêmio literário é um momento muito importante na carreira. As listas e prêmios ainda pautam a leitura de uma grande camada da população, abrem portas para maior espaço na imprensa, despertam o interesse de grandes editoras, enfim, permitem, sem dúvida, que um autor tenha mais alcance em um mercado que é extremamente competitivo. As premiações literárias ainda têm um papel relevante em tempos de redes sociais e marketing digital, ou você vê outros caminhos tão importantes quanto? No meu entendimento, mesmo nos tempos atuais, as premiações literárias têm seu espaço e seu papel. Talvez, as redes sociais e marketing digital sejam capazes de potencializar os resultados e o alcance. De toda forma, claro, é possível traçar um caminho sólido e conquistar um público de leitores sem figurar nas listas ou ter uma presença marcante nas redes – são muitos casos e histórias diferentes e fascinantes.
Após ganhar prêmios literários, o que mudou em sua vida pessoal e profissional? Houve mais oportunidades de publicação, convites para eventos literários, ou outros tipos de reconhecimento?
Marcela: Ser finalista dos prêmios Oceanos, Jabuti e São Paulo sem dúvidas foi fundamental para a minha carreira, me trouxe mais leitores e, claro, oportunidades incríveis, como essa Viagem Literária.
Além do reconhecimento profissional, quais foram os desafios ou novas responsabilidades que surgiram com os prêmios?
Marcela: Os prêmios são sempre um recorte: muita coisa incrível entra nas listas de finalistas, mas, também, muita coisa igualmente boa fica de fora. Eu acho que o maior desafio de um autor indicado ou premiado é nunca se acomodar, seguir buscando a excelência e continuar trabalhando para ir cada vez mais longe.